
A História da Criação da Estrada de Ferro Santos a Jundiaí

A Estrada de Ferro Santos a Jundiaí foi criada em 27 de setembro de 1948, mas sua história remonta ao ano de 1867, quando foi inaugurada a The São Paulo Railway (SPR) ou, simplesmente, a ingleza, como ficou popularmente conhecida a primeira ferrovia paulista.
A data de 16 de fevereiro de 1867, marca o início da operação da SPR, construída para ligar o Porto de Santos a Jundiaí com o objetivo de transportar o ouro negro como era chamado o café. Os trilhos da SPR impulsionaram a economia cafeeira e o progresso do Estado de São Paulo, entre o final do século 19 e a metade do século 20.
O Barão de Mauá, título mais conhecido do comerciante, armador, industrial e banqueiro Irineu Evangelista de Souza, foi o autor da façanha de vencer a imponente Serra do Mar para implantar a ligação ferroviária entre o Porto de Santos e o interior do Estado.
EFSJ: A Ferrovia que Transportou o Progresso
Depois de convencer o governo imperial sobre a importância da construção de uma estrada de ferro entre a São Paulo e o Porto de Santos, em 1859, Mauá contratou o engenheiro ferroviário britânico James Brunlees, um dos maiores especialistas do setor.

Para vencer a empreitada, Brunless trouxe outros engenheiros experientes no assunto, como Daniel Makinson Fox, que havia implantado ferrovias em montanhas do norte do País de Gales e das encostas dos Pireneus.
O experiente, Daniel Fox traçou a rota pela serra, dividindo o trajeto em 4 declives, com uma inclinação de 8% em cada um deles, o que permitiria puxar os vagões com cabos de aço.
No final de cada declive, foi construída uma extensão de linha de 75 metros de comprimento, com uma inclinação de 1,3%. Em cada um desses patamares foi montada uma casa de força e uma máquina a vapor para prover a tração dos cabos.
Brunless aprovou o projeto que deu origem a nova empresa que construiu a Funicular de Paranapiacaba: “São Paulo Railway Company“.
Criada no alto da serra, Paranapiacaba serviu de acampamento para os operários e de ponto de troca de sistema pelos trens, já que nem todas as composições tinham as características para operar no trecho de serra.
A obra desafiadora teve a seu favor o know-how dos engenheiros estrangeiros que conseguiram a façanha de concluí-la 10 meses antes do prazo de oito anos, previsto no contrato.
Em 1895 foi iniciada a implantação de um novo trecho para transpor a serra, diante do imenso volume de café transportado para o Porto de Santos. A “Serra Nova” como passou a ser chamada a obra erguida em paralelo a “Serra Velha”, por onde operava o sistema funicular, passou a dominar o transporte de café. A Serra Velha caiu em desuso e nos anos 1960 suas operações foram encerradas.
Com o fim do monopólio britânico sobre a rota do porto em 1935, a Estrada de Ferro Sorocabana construiu uma linha própria entre Mairinque e Santos.
Em 13 de setembro de 1946, chegou ao fim a concessão dada aos ingleses para explorar a rota. A SPR tornou-se uma estatal brasileira e, em 27 de setembro de 1948, passou a ser denominada Estrada de Ferro Santos a Jundiaí.

Em 1957, a EFSJ foi incorporada com outras 18 ferrovias à Rede Ferroviária Federal (RFFSA). Entre 1970 e 1974, a Rede Ferroviária Federal construiu o sistema cremalheira, que é usado até hoje.

A ferrovia Santos a Jundiaí transportou cerca de 4 milhões de imigrantes, vindos especialmente da Europa, entre o final do século XIX e início do século XX.
A Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU) passou a operar os trens metropolitanos, em 1984. O objetivo era modernizar, expandir e implantar o sistema de transporte de passageiros sobre trilhos, algo até então visto como segundo foco, já que a carga era prioridade.
Em mais de um século, os passageiros puderam se deslocar de São Paulo a Santos, utilizando os trilhos da Serra do Mar até que, em 30 de novembro de 1995, foi realizada a última viagem para a Baixada Santista.
Em 1º de dezembro de 1996, seguindo o programa de desestatização proposto pelo Governo Federal, a antiga malha da Santos a Jundiaí foi entregue sob regime de concessão à MRS Logística para a operação de cargas. A concessionária tem hoje o domínio da ferrovia entre Santos e Rio Grande da Serra.
O trecho entre Rio Grande da Serra e Jundiaí ficou a cargo da CPTM, que dividiu o trajeto em duas linhas: a antiga Linha A (atual 7-Rubi) ligando Jundiaí a Luz e a antiga Linha D (atual 10-Turquesa), operando entre Luz e Paranapiacaba. A MRS obteve permissão para operar e compartilhar o trecho.
Em novembro de 2001, em razão da baixa demanda de passageiros, a CPTM encerrou a operação em Paranapiacaba e os trens passaram a ter como estação terminal Rio Grande da Serra.

A Santos Jundiaí teve um papel importante no desenvolvimento do Estado de São Paulo e do Brasil. No século 19, o café era a moeda da vez do País. Cultivado em fazendas no interior do Estado, o escoamento dessa produção até o Porto de Santos para exportação era arcaico. As sacas de café eram transportadas em lombos de animais, com perda de parte da carga ao longo do caminho, que poderia levar mais de 30 dias para ser percorrido.
A economia cafeeira foi o fator que desencadeou o desenvolvimento acelerado da capital paulista, cuja riqueza foi impulsionada pelos trilhos.